Capítulo 7: Alunos e mestres

Casa de tia Clarisse

          — Eu não acredito no que vocês fizeram! Disseram aqui, nesta sala, na minha frente, que cuidariam de Katy e Keyla.  Mas não! O que fizeram? Deixaram elas sozinhas em uma boate desconhecida, que fica em uma cidade, que elas mal conhecem! – diz Clarisse furiosa com os filhos, pelo fato de terem ido embora e deixado as irmãs sozinhas na boate.

          — Elas não estavam sozinhas, estavam com esse namorado da Keyla aí. — Jonathan aponta para Matteo.

          — Não importa! Eram vocês que deveriam cuidar delas e não serem irresponsáveis do jeito que mostraram ser! Sério. Estou quase desistindo da ideia da festa de despedida e de mandar vocês para o intercâmbio! — responde Clarisse.

          — Ah não, mãe! Por favor. Sentimos muito pelo ocorrido. — diz o outro irmão.

          — Tia, tudo bem! Eu estou bem. Um moço muito gentil me ajudou lá. Pena que não pude agradecer a ele. —Katy fala para a tia, tentando ajudar os primos de alguma maneira.

         — Me sinto mal por isso. Iolanda vai me odiar mais ainda quando souber. —Clarisse respondeu receosa.

         — Ela não vai saber, tia. Tudo bem. Eu e Matteo ficaremos mais alertas e cuidaremos uns dos outros. Não se preocupe e graças ao Grande Prisma e ao rapaz desconhecido, Katy está bem. — responde Keyla, meio triste ao lembrar do que ocorreu na noite anterior.

         Clarisse suspira e concorda com a cabeça. Ela se afasta dos jovens, pois precisa ir trabalhar na academia, mas todos percebem sua expressão de magoada.

         — Poxa! Desculpe, mãe e meninas. Não faremos mais nada parecido assim. — diz um dos primos e o outro concorda com a cabeça.

         Clarisse se despede de todos, pois já tinha comido e estava de saída para o trabalho, e o resto do grupo foi almoçar.

         Mais tarde, no mesmo dia.

         Katy pede para que a irmã e os primos a levassem para a boate, a fim de poder reencontrar o rapaz loiro que a salvou do tarado, e poder agradecê-lo. De início, Keyla reluta, mas muda de ideia, pois sentia que estava devendo algo a irmã. Matteo precisava ajudar os amigos naquele dia e não pode acompanhá-los.

         Chegando ao local, todos perguntaram para as pessoas dali. Katy perguntou aos funcionários, que nada sabiam responder.  

         Katy ficou triste e todos voltaram pra casa. Infelizmente para ela, o encontro não foi dessa vez, pois no dia seguinte não poderiam voltar, pois estava programada a despedida dos primos para o intercâmbio no Terceiro Império.

         Casa dos Vatore, duas horas antes.

         Todos estavam se preparando para irem até a casa do novo tutor, que ficava no litoral. O novo Mestre morava na praia, mas num local isolado do restante das casas. Isso era intencional e os Vatore concordavam com a ideia, pois achavam ótimo que os novos vampiros se acostumassem a outros ambientes, além de que o local os tornaria mais fortes e, com o tempo, até mesmo resistentes ao sol.

         Agnes perguntou a Nicolas:

         — Cadê o Harry? Era para ele estar aqui. Ele estava todo animado pelo novo tutor e agora some!

         — Não sei. Só sei que ele teve pesadelos, pois ficou se batendo na cama a noite toda, que até deu para ouvir no quarto inteiro. Mas fique tranquila, Mamãe Ganso. O escoteiro-mirim chegará a tempo. – Nicolas explicou, enquanto tranquilizava Agnes.

         Willow Creek, antiga casa de Katy

         Harrison estava decidido que iria atrás de Katy para falar com ela. Queria saber se ela estava bem e também gostaria de ser amigo da moça de perfume agradável. O cheiro dela o fazia querer beber de seu sangue, mas só faria isso com a permissão dela, e, mesmo assim, não sabia se teria coragem de lhe pedir, pois Katy lhe parecia frágil, e não queria machucá-la de forma alguma.

         Chegando até a casa, ele não a viu. Ele olhou pelas janelas ainda abertas, mas não reconheceu as pessoas dali. Decidiu bater na porta e perguntar por Katy.

         Uma garota o atendeu, mas ficou paralisada, olhando-o como se estivesse hipnotizada. “UAU! Que deus grego é este que bate em minha porta?”, pensou a garota. Após dez longos segundos, ela o ouve e responde, mas informa que não conhecia Katy, não sabia dela e que faziam sete anos que moravam ali.

         “Sete anos?!! Quer dizer que Katy não mora mais aqui. E agora? Será que mora perto da boate de Oasis Springs? Talvez, mas não é certo. Terei que procurar outro dia. Agora preciso ir pra casa. Devem estar me esperando”. Pensa Harrison meio magoado por não ter encontrado a jovem. E em seguida volta para casa.

         Algumas horas depois, após o retorno de Harry, o grupo de vampiros chega à casa do novo tutor, que não chamava a atenção de ninguém e ninguém podia desconfiar que vampiros moravam ali. Foram recebidos pelo mordomo Alfred, que educadamente os levou até a sala principal. Em seguida chegaram os residentes: Wilhelm Sven e, sua esposa, Lívia Sven; ambos vestidos como humanos normais.

         — Sejam bem-vindos! O melhor de tudo é que vocês não são recém-criados. Fico grato, Vatore, pois não tenho a mínima paciência. – declara Wilhelm, com um meio sorriso.

         — Ora, querido, não assuste as crianças! Olá, crianças. Olá, Vatores. Como estão? Fico feliz em vê-los por aqui –diz Lívia com um sorriso.

         — Nós é que ficamos felizes em nos receber. E sim, eles não são recém-criados e estão aqui para se tornarem mais poderosos do que já são. – responde Lilith, orgulhosa por seus alunos.

         — Bom, vamos tomar umas taças de plasma e conversar sobre vocês. — diz Wilhelm a todos.

         Após passar um tempo com os donos da casa, conversando e bebendo, os Vatore despediram-se de Wilhelm e Lívia, desejaram um bom treinamento aos ex-alunos e voltaram para seu lar em Forgotten Hollow.

         Nicolas estava intrigado com uma coisa importante e resolveu perguntar à Lívia:

         —Sra. Lívia, como podem morar no litoral sendo vampiros? Vocês não se queimam no sol? Desculpe a pergunta, mas me deixou curioso.

         — Ora, ora, você é esperto! Bom, meu rapaz, tanto eu, quanto meu marido, dominamos o poder chamado “resistência perfeita ao sol” e, por isso,não queimamos. É excelente para sairmos a qualquer horário e convivermos com os humanos e outros seres por aí.

         — Ah, entendi. Puxa, isso é ótimo! Eu tenho outra pergunta. Minha amiga aqui quer retornar à sua vida humana e, por acaso, Caleb disse que vocês sabiam a maneira de isso ser feito.

         — Hum... Bom, para isso é necessário que tenhamos que pesquisar mais sobre. Já ouvi falar da cura, mas não é tão simples como muitos creem. – Lívia se dirige a Agnes. – Sugiro que você fique aqui conosco e juntos iremos encontrar a cura para sua escolha.

         — Obrigada, Sra. Lívia. – disse Agnes com um sorriso no rosto.

         Mais tarde, Wilhelm e Lívia mostraram a casa para os três vampiros e onde iriam dormir. Era no porão onde havia caixões para que eles pudessem dormir.

         “Quem diria que essa casa toda moderna, saída daquelas revistas de arquitetura, tem um porão com caixões de vampiros!”, pensou Agnes olhando para os caixões.

         Depois, os Sven passaram algumas horas conversando e conhecendo mais sobre os jovens vampiros, fazendo perguntas sobre os poderes de cada um e o que pretendiam aprender.

         Nicolas e Harrison informaram que queriam ser grandes mestres vampiros e, principalmente, adquirir o poder da imunidade que Lívia havia mencionado anteriormente. Pela primeira vez tinham o mesmo desejo. E Agnes esclareceu que apenas desejava voltar à sua vida humana.

         Estava amanhecendo e era a hora dos Svens dormirem. Eles dormiam normalmente durante a noite, mas abriram exceção unicamente para conhecer melhor os três novos hóspedes.
         Depois de todos estarem acomodados em seus quartos, os três jovens vampiros conversaram antes de dormir:

         — Qual é o nome desse lugar mesmo? – perguntou Harry com a cabeça nas nuvens. Ele estava preocupado por que pensava que nunca mais iria ver Katy.

         — Em Brindleton Bay, Harry. Amanhã à noite poderíamos dar uma volta e ver o mar! Que acham? – Agnes respondeu a Harry e se animava para conhecer o novo local de moradia.

         — Vamos! E depois passaremos em locais de festas e boates para eu pegar umas gatinhas por aqui. Devem ser bem bronzeadinhas pelo sol. Haha. – respondeu Nicolas todo animado.

         — Desculpa, Nic, mas não sou a fim de gatinhas. Deixo todas para você. Hihihihi – Agnes comentou com Nicolas, ao mesmo tempo em que ria.

         — Eu não tô afim de nada. Quero hibernar para sempre e que não me incomodem. – disse Harrison entrando e fechando o caixão.

         — Não liga para ele. Tá magoadinho porque sabe que eu sou o mais lindo e pegador. Hahahaha. – responde Nicolas se gabando.

         Agnes ri e ambos vão dormir em seus respectivos caixões.

         Na casa da Clarisse, todos se aprontavam para a festa de despedida. Katy estava triste e não queria participar. Keyla tentou animar um pouco a irmã que estava desanimada.

         Durante a festa, várias pessoas dançavam, bebiam e comiam.

         Katy ficou ao lado da tia o tempo todo. Clarisse pensava entendê-la, pois acreditava que Katy estava traumatizada com o assédio que levou na boate.

         No dia seguinte todos se despedem dos irmãos. Clarisse chora, mas fica feliz pelo futuro promissor dos filhos.

         Passa-se dois dias e Aguinaldo foi buscar as filhas. Os três voltaram para Brindleton Bay. Keyla e Aguinaldo estavam felizes por retornar, mas Katy pensava que não veria mais o rapaz loiro.

   

Continua...

Lote utilizado para a casa dos Sven: “MIRANTE MODERN-OH”, do ID Melcstro.

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